D. João I
Filho bastardo de D. Pedro I e de uma dama galega. O mestrado da Ordem de Avis foi-lhe destinado desde a sua infância e é nesse sentido que decorre a sua educação, a cargo do comendador-mor da Ordem.
Em 1383, já na situação de um dos mais ricos senhores de Portugal, jura, com muitas outras figuras importantes do reino, cumprir cláusulas do contrato de matrimónio da infanta D. Beatriz com D. João I de Castela.
Nesse mesmo ano, é um dos escolhidos para acompanhar a infanta a Badajoz, onde foi entregue ao marido.
O facto de ter sangue real e de ser olhado como chefe provável do partido adverso à parceria Leonor Teles-conde de Andeiro, deve ter contribuído para a sua prisão ordenada por D. Fernando.
Mais tarde é libertado por ordem do rei e a esse facto não deve ter sido estranha a intervenção pessoal do conde de Cambridge, chefe do contingente inglês em Portugal.
Depois da morte do rei, entra-se no período da guerra civil e da guerra com Castela e D. João, aclamado regedor e defensor do reino, procura consolidar a sua posição no meio de hesitações e compromissos.
E aclamado rei em 1385, vence a guerra com Castela e obtém tréguas em 1389. Volta-se então para os problemas internos do reino e impõe a sua autoridade à nova nobreza, que chefiada por D. Nuno Álvares Pereira, lhe desfalca os bens da coroa.
Em 1396, novamente guerra com Castela até 1398.
Segue-se um longo período de paz interna e externa, só cortado pela aventura de Ceuta. Fora dos actos da administração pública, quase nada sabemos da vida do monarca.
Casou em 1387 com D. Filipa, filha do duque de Lencastre e ano e meio depois nasce D. Branca, que não chegou a viver um ano; segue-se o herdeiro do trono Afonso, que morre por volta dos dez anos; vêm a seguir em rápida sucessão os infantes da «ínclita geração».
Morreu em 1433. Pessoalmente, foi-nos legado o retrato de um homem prudente, astuto, cioso do poder e da autoridade, ao mesmo tempo, terno, humano e benevolente.
Foi sem dúvida o mais culto dos nossos monarcas medievais, reflexo da educação que o preparara para dirigir superiormente uma importante ordem religioso-militar.
Ficha genealógica:
D. João I, nasceu provavelmente em Lisboa, a 14 de Agosto de 1357, tendo morrido na mesma cidade, em igual dia de 1433). Casou no Porto, a 2 de Fevereiro de 1387, com D. Filipa de Lencastre (n. em Inglaterra, 1359; f. em Odivelas, a 19 de Julho de 1415), filha de João de Gant, duque de Lencastre, e de sua primeira mulher, D. Branca. Tiveram os seguintes filhos:
1. D. Branca (n. em Santarém, a 30 de Julho de 1388; f. em Março de 1389; enterrada na capela-mor da sé de Lisboa);
2. D. Afonso (n. em Santarém, a 30 de Julho de 1390; f. a 22 de Dezembro de 1400; sepultado na sé de Braga);
3. D. Duarte, que herdou a coroa;
4. D. Pedro (n. em Lisboa, a 9 de Dezembro de 1392; f. na Batalha de Alfarrobeira, a 20 de Maio de 1449; sepultado no Mosteiro da Batalha). Casou a 13 de Setembro de 1429 com D. Isabel de Urgel (n. por 1410; f. em data posterior a 1470; sepultada no Mosteiro da Batalha), filha de D. Jaime II, conde de Urgel, e de D. Isabel, infanta de Aragão. Foi regente do Reino de 1438 a 1446;
5. D. Henrique (n. no Porto, a 4 de Dezembro de 1394; f. na vila do Infante, em Sagres, a 13 de Novembro de 1460; sepultado no Mosteiro da Batalha);
6. D. Isabel (n. em Évora, a 11 de Fevereiro de 1397; casou com Filipe, o Bom, duque da Borgonha, a 7 de Janeiro de 1430, em Écluse; f. em Dijon, a 11 de Dezembro de 1471; sepultada no Convento da Cartuxa da mesma cidade);
7. D. João (n. em Santarém, a 13 de Janeiro de 1400; f. em Alcácer do Sal, a 18 de Outubro de 1442; sepultado no Mosteiro da Batalha). Casou em 1424 com sua sobrinha D. Isabel (n. em 1404; f. em Arévalo, a 26 de Outubro de 1465; transladada para o Mosteiro da Batalha), filha de D. Afonso, 8 ° conde de Barcelos, e de sua primeira mulher, D. Beatriz Pereira de Alvim;
8. D. Fernando (n. em Santarém, 1402; f. no cativeiro em Fez, a 5 de Junho de 1443; transladado em 1471 para o Mosteiro da Batalha).
Da união, anterior ao seu casamento, com uma Inês Pires, o monarca teve os seguintes bastardos:
9. D. Afonso (n. talvez em Veiros, por 1380; f, na vila de Chaves, em Dezembro de 1461). Foi o 8 ° conde de Barcelos e 1 ° duque de Bragança. Casou em primeiras núpcias, a 8 de Novembro de 1401, com D. Beatriz Pereira de Alvim (n. em 1378; f. em Chaves por 1412), filha do condestável Nuno Álvares Pereira e de D. Leonor de Alvim; e em segundas núpcias, no ano de 1420, com D. Constança de Noronha (n. em data incerta; f. em Guimarães, a 26 de Janeiro de 1480), filha de D. Afonso, conde de Gijon e de D. Isabel, filha ilegítima de D. Fernando I de Castela;
10. D. Beatriz (n. talvez em Veiros, por 1382; f. de peste em Bordéus, a 25 de Outubro de 1439). Casou, no ano de 1405, com Tomás Fitzalan, 7 ° conde de Arundel, pelo que seguiu para Inglaterra; e, tendo enviuvado, a 13 de Outubro de 1415, tornou-se esposa de Gilberto Talbot, barão de Irchenfield, f. pouco depois. Pretende-se que em 1432 a infanta voltou a casar com John Holland, filho do duque de Exeter.
Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Pequeno Dicionário de História de Portugal,
Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976
Joaquim Veríssimo Serrão
História de Portugal, Volume II: Formação do Estado Moderno (1415-1495),
2.ª ed., Lisboa, Verbo, 1978
Nuno Álvares Pereira é um dos cavaleiros portugueses mais conhecidos da nossa história, não só pela sua bravura, mas por toda a história da sua vida.
Filho de uma família fidalga, Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Julho de 1360 e tinha pouco mais de 20 anos quando se deram as suas grandes aventuras contra os exércitos castelhanos.
Com apenas 13 anos entrou para a corte do rei D. Fernando, sendo então escolhido para ser escudeiro da rainha D. Leonor Teles ao mesmo tempo que aprendia tudo sobre a guerra e as armas com um tio.
Pouco tempos depois foi logo armado cavaleiro.
Sabias que se casou com apenas 16 anos? Pois é, nesse tempo era mesmo assim!
Casou-se por conveniência dos pais em 1376, com D. Leonor de Alvim.
Também esta situação era muito comum na época.
Durante a crise de 1383, provocada pela morte de D. Fernando, colocou-se ao lado do Mestre de Avis, que parecia mais preocupado em defender os interesses de Portugal do que D. Leonor Teles, a regente do reino.
D. João, Mestre de Avis, chamou-o para o conselho do governo e mais tarde, durante as cortes de Coimbra, nomeou-o Condestável do Reino, um cargo criado pelo rei D. Fernando.
Entre 1383 e 1385 liderou o exército português a várias vitórias, sendo as mais conhecidas as da Batalha de Aljubarrota e da Batalha dos Atoleiros, onde usou a técnica do quadrado.
Esta técnica baseou-se numa estratégia militar usada por Alexandre Magno em exércitos maiores, e que Nuno Álvares Pereira tinha descoberto há pouco tempo num livro.
Decidiu adaptá-la e resultou!
D. JOÃO, MESTRE DE AVIS |
Filho bastardo de D. Pedro I e de uma dama galega. O mestrado da Ordem de Avis foi-lhe destinado desde a sua infância e é nesse sentido que decorre a sua educação, a cargo do comendador-mor da Ordem.
Em 1383, já na situação de um dos mais ricos senhores de Portugal, jura, com muitas outras figuras importantes do reino, cumprir cláusulas do contrato de matrimónio da infanta D. Beatriz com D. João I de Castela.
Nesse mesmo ano, é um dos escolhidos para acompanhar a infanta a Badajoz, onde foi entregue ao marido.
O facto de ter sangue real e de ser olhado como chefe provável do partido adverso à parceria Leonor Teles-conde de Andeiro, deve ter contribuído para a sua prisão ordenada por D. Fernando.
Mais tarde é libertado por ordem do rei e a esse facto não deve ter sido estranha a intervenção pessoal do conde de Cambridge, chefe do contingente inglês em Portugal.
Depois da morte do rei, entra-se no período da guerra civil e da guerra com Castela e D. João, aclamado regedor e defensor do reino, procura consolidar a sua posição no meio de hesitações e compromissos.
E aclamado rei em 1385, vence a guerra com Castela e obtém tréguas em 1389. Volta-se então para os problemas internos do reino e impõe a sua autoridade à nova nobreza, que chefiada por D. Nuno Álvares Pereira, lhe desfalca os bens da coroa.
Em 1396, novamente guerra com Castela até 1398.
Segue-se um longo período de paz interna e externa, só cortado pela aventura de Ceuta. Fora dos actos da administração pública, quase nada sabemos da vida do monarca.
Casou em 1387 com D. Filipa, filha do duque de Lencastre e ano e meio depois nasce D. Branca, que não chegou a viver um ano; segue-se o herdeiro do trono Afonso, que morre por volta dos dez anos; vêm a seguir em rápida sucessão os infantes da «ínclita geração».
Morreu em 1433. Pessoalmente, foi-nos legado o retrato de um homem prudente, astuto, cioso do poder e da autoridade, ao mesmo tempo, terno, humano e benevolente.
Foi sem dúvida o mais culto dos nossos monarcas medievais, reflexo da educação que o preparara para dirigir superiormente uma importante ordem religioso-militar.
Ficha genealógica:
D. João I, nasceu provavelmente em Lisboa, a 14 de Agosto de 1357, tendo morrido na mesma cidade, em igual dia de 1433). Casou no Porto, a 2 de Fevereiro de 1387, com D. Filipa de Lencastre (n. em Inglaterra, 1359; f. em Odivelas, a 19 de Julho de 1415), filha de João de Gant, duque de Lencastre, e de sua primeira mulher, D. Branca. Tiveram os seguintes filhos:
1. D. Branca (n. em Santarém, a 30 de Julho de 1388; f. em Março de 1389; enterrada na capela-mor da sé de Lisboa);
2. D. Afonso (n. em Santarém, a 30 de Julho de 1390; f. a 22 de Dezembro de 1400; sepultado na sé de Braga);
3. D. Duarte, que herdou a coroa;
4. D. Pedro (n. em Lisboa, a 9 de Dezembro de 1392; f. na Batalha de Alfarrobeira, a 20 de Maio de 1449; sepultado no Mosteiro da Batalha). Casou a 13 de Setembro de 1429 com D. Isabel de Urgel (n. por 1410; f. em data posterior a 1470; sepultada no Mosteiro da Batalha), filha de D. Jaime II, conde de Urgel, e de D. Isabel, infanta de Aragão. Foi regente do Reino de 1438 a 1446;
5. D. Henrique (n. no Porto, a 4 de Dezembro de 1394; f. na vila do Infante, em Sagres, a 13 de Novembro de 1460; sepultado no Mosteiro da Batalha);
6. D. Isabel (n. em Évora, a 11 de Fevereiro de 1397; casou com Filipe, o Bom, duque da Borgonha, a 7 de Janeiro de 1430, em Écluse; f. em Dijon, a 11 de Dezembro de 1471; sepultada no Convento da Cartuxa da mesma cidade);
7. D. João (n. em Santarém, a 13 de Janeiro de 1400; f. em Alcácer do Sal, a 18 de Outubro de 1442; sepultado no Mosteiro da Batalha). Casou em 1424 com sua sobrinha D. Isabel (n. em 1404; f. em Arévalo, a 26 de Outubro de 1465; transladada para o Mosteiro da Batalha), filha de D. Afonso, 8 ° conde de Barcelos, e de sua primeira mulher, D. Beatriz Pereira de Alvim;
8. D. Fernando (n. em Santarém, 1402; f. no cativeiro em Fez, a 5 de Junho de 1443; transladado em 1471 para o Mosteiro da Batalha).
Da união, anterior ao seu casamento, com uma Inês Pires, o monarca teve os seguintes bastardos:
9. D. Afonso (n. talvez em Veiros, por 1380; f, na vila de Chaves, em Dezembro de 1461). Foi o 8 ° conde de Barcelos e 1 ° duque de Bragança. Casou em primeiras núpcias, a 8 de Novembro de 1401, com D. Beatriz Pereira de Alvim (n. em 1378; f. em Chaves por 1412), filha do condestável Nuno Álvares Pereira e de D. Leonor de Alvim; e em segundas núpcias, no ano de 1420, com D. Constança de Noronha (n. em data incerta; f. em Guimarães, a 26 de Janeiro de 1480), filha de D. Afonso, conde de Gijon e de D. Isabel, filha ilegítima de D. Fernando I de Castela;
10. D. Beatriz (n. talvez em Veiros, por 1382; f. de peste em Bordéus, a 25 de Outubro de 1439). Casou, no ano de 1405, com Tomás Fitzalan, 7 ° conde de Arundel, pelo que seguiu para Inglaterra; e, tendo enviuvado, a 13 de Outubro de 1415, tornou-se esposa de Gilberto Talbot, barão de Irchenfield, f. pouco depois. Pretende-se que em 1432 a infanta voltou a casar com John Holland, filho do duque de Exeter.
Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Pequeno Dicionário de História de Portugal,
Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976
Joaquim Veríssimo Serrão
História de Portugal, Volume II: Formação do Estado Moderno (1415-1495),
2.ª ed., Lisboa, Verbo, 1978
Nuno Álvares Pereira é um dos cavaleiros portugueses mais conhecidos da nossa história, não só pela sua bravura, mas por toda a história da sua vida.
Filho de uma família fidalga, Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Julho de 1360 e tinha pouco mais de 20 anos quando se deram as suas grandes aventuras contra os exércitos castelhanos.
Com apenas 13 anos entrou para a corte do rei D. Fernando, sendo então escolhido para ser escudeiro da rainha D. Leonor Teles ao mesmo tempo que aprendia tudo sobre a guerra e as armas com um tio.
Pouco tempos depois foi logo armado cavaleiro.
Sabias que se casou com apenas 16 anos? Pois é, nesse tempo era mesmo assim!
Casou-se por conveniência dos pais em 1376, com D. Leonor de Alvim.
Também esta situação era muito comum na época.
Durante a crise de 1383, provocada pela morte de D. Fernando, colocou-se ao lado do Mestre de Avis, que parecia mais preocupado em defender os interesses de Portugal do que D. Leonor Teles, a regente do reino.
D. João, Mestre de Avis, chamou-o para o conselho do governo e mais tarde, durante as cortes de Coimbra, nomeou-o Condestável do Reino, um cargo criado pelo rei D. Fernando.
Entre 1383 e 1385 liderou o exército português a várias vitórias, sendo as mais conhecidas as da Batalha de Aljubarrota e da Batalha dos Atoleiros, onde usou a técnica do quadrado.
Esta técnica baseou-se numa estratégia militar usada por Alexandre Magno em exércitos maiores, e que Nuno Álvares Pereira tinha descoberto há pouco tempo num livro.
Decidiu adaptá-la e resultou!
Em 1388 iniciou a edificação da capela de São Jorge de Aljubarrota e, em 1389, a do convento do Carmo, em Lisboa, onde se instalaram os frades da ordem do Carmo, no ano de 1397.
Tornou-se rico e poderoso, mas soube dividir com os seus companheiros de armas grande parte das terras que lhe foram doadas.
No fim da vida, teve o cuidado de repartir também pelos netos os seus domínios e títulos.
Sabias que a sua vida de soldado não acabou com a crise de 1383/85?
Ainda participou na conquista de Ceuta, em 1415, onde mostrou novamente o seu grande valor.
Nunca perdeu uma batalha que fosse liderada por si.
Conta-se que a sua espada, que tinha o nome de Maria gravado, lhe dava a devida protecção.
Nuno Álvares Pereira acabou a sua vida ligado à Igreja.
Depois de se tornar viúvo entrou para o Mosteiro do Carmo em 1423, por ele fundado, mudando o nome para frade Nuno de Santa Maria.
Por ter dedicado os seus últimos dias à Igreja e a ajudar os mais pobres, depois da sua morte, em 1431, o povo começou a chamá-lo de Santo Condestável
.Este título nunca foi verdadeiro, mas ficou perto com a sua beatificação em 1918.
Uma das filhas de Nuno Álvares Pereira casou com D. Afonso, um dos filhos de D. João I, dando início à Casa de Bragança, uma família que reinou em Portugal e da qual é descendente D. Duarte de Bragança.
Tornou-se rico e poderoso, mas soube dividir com os seus companheiros de armas grande parte das terras que lhe foram doadas.
No fim da vida, teve o cuidado de repartir também pelos netos os seus domínios e títulos.
Sabias que a sua vida de soldado não acabou com a crise de 1383/85?
Ainda participou na conquista de Ceuta, em 1415, onde mostrou novamente o seu grande valor.
Nunca perdeu uma batalha que fosse liderada por si.
Conta-se que a sua espada, que tinha o nome de Maria gravado, lhe dava a devida protecção.
Nuno Álvares Pereira acabou a sua vida ligado à Igreja.
Depois de se tornar viúvo entrou para o Mosteiro do Carmo em 1423, por ele fundado, mudando o nome para frade Nuno de Santa Maria.
Por ter dedicado os seus últimos dias à Igreja e a ajudar os mais pobres, depois da sua morte, em 1431, o povo começou a chamá-lo de Santo Condestável
.Este título nunca foi verdadeiro, mas ficou perto com a sua beatificação em 1918.
Uma das filhas de Nuno Álvares Pereira casou com D. Afonso, um dos filhos de D. João I, dando início à Casa de Bragança, uma família que reinou em Portugal e da qual é descendente D. Duarte de Bragança.
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